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Poesias de Daiany Dantas

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Nasci poeta

Nasci poeta
Desnuda
Sem galocha
Ou guarda-chuva
mas, me escondi
desse destino
nas gavetas e no mofo.
busquei ter outro rosto
aprendi a olhar de cima
e esquivei da dor
como quem dribla
um encosto
prendia o verso
disfarçava a rima
mas, a poesia
fungava
em meu pescoço
segurava
a minha crina
e me dizia:
– mulher,
esse olho revirado
esse coração de rio
esse fogo na narina
essa fúria na goela
não terão
outra sina.

 

Poema da espera

Esperamos tanto tempo
Por algo que denunciasse
A fraqueza de nossos
limites…
Que o cometa chegasse
mudando as estações, os
líderes
e o dinheiro de lugar
Que os discos voadores
flanassem num céu
chapiscado de estrelas
Desterritorializando o mundo.
Esperamos. Com a mesma
certeza
pelas coisas comezinhas
O amor perfeito
a casa nova, o contrato
fechado
sem cláusulas minúsculas
O destino cumprido.
Esperando o tempo
Na expectativa de que este
crescesse engarrafado
Como uma miniatura de
paisagem
Que só cabe nas ideias
Esperávamos. Mas, vem o
universo
E dá uma rasteira, uma
flopada
Um puxão de orelha.
E eis que o agora é tudo que
Temos. Temos o útero da
baleia
Os pensamentos cheios de
estrelas
Os cometas dentro das mãos
E um labirinto de discos
voadores
Nos destinos possíveis
Que iluminam o caminho.
Temos os amores
imperfeitos
As janelas abertas, e um
violino
Pedindo “calma”
E o tempo já não permite
Queixumes, de sobra ou falta
O tempo é a própria fresta
Em que o sol nos abraça
Sem pedir licença.

 

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